quinta-feira, 31 de maio de 2012

V Educs: ensino de Literatura Africana combate estereótipos

“É impossível falar do ser humano baseado na homogeneidade e na pureza”, disse o professor doutor Jorge Valentim, após ler um texto do escritor moçambicano Mia Couto sobre a diversidade da cultura africana. Foi dessa maneira que ele começou os trabalhos da segunda mesa de discussões da quinta edição do Seminário Educs. A atividade se propôs a discutir o tema “Literaturas e educação: possíveis diálogos”, e aconteceu na noite desta quarta-feira (30/5) no Salão Nobre da Unisul campus Tubarão.

Para o professor Jorge Valentim, os estudos das literaturas africanas possibilitam uma visão ampla e independente da cultura daquele povo. “Quando você lê um autor africano, você está ouvindo a voz dele, independente, autônoma. Ali, o negro aparece como protagonista”, observou. De acordo com ele, fazer com que os estudantes tenham acesso a essa literatura “corrige uma série de armadilhas da História”.

Dessa maneira, questões como racismo e diversidade étnica e cultural são tratadas com mais profundidade, sob a ótica de quem as vivenciou. “Estudamos literatura brasileira e europeia, escrita na maioria das vezes por homens brancos e burgueses. Precisamos ouvir o outro lado”, defendeu Valentim.

Ainda segundo ele, desde a aprovação da Lei Federal 10.369/03 - que estabelece como obrigatório o ensino das literaturas africanas nas escolas brasileiras - o processo de inclusão tem avançado, entretanto é necessário formar profissionais aptos a trabalharem o tema nas salas de aula. “E é importante destacar que são Literaturas Africanas. No plural. Porque a África não é um país. É um continente”, completou.

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jorge Valentim atualmente é professor da disciplina Literaturas Africanas na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), em São Paulo. A atividade também teve a participação da professora doutora Susana de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Um comentário:

  1. É inacreditável precisarmos de lei para fazer valer o ensino da cultura e literatura africana, contudo nem assim nossos educadores se preocupam com isso,exceto alguns poucos professores que desenvolvem um trabalho louvavel como o do professor Valentim

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