As mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Unisul (PPGE) Mara Luciane da Silva Furghestti, Maria Terêsa Cabral Greco e
Rosinete Costa Fernandes Cardoso apresentaram pesquisa sobre alfabetização com
letramento focada em crianças de seis anos no IX ANPED SUL. O objetivo do
trabalho das pesquisadoras é discutir quais são os impactos da implantação de
uma nova classe para os professores e para as crianças.
Uma Lei Federal de 2006 determinou que o ensino fundamental
passasse a ser de nove anos, acrescentando uma série inicial. É essa classe que
serve de instrumento de pesquisa às mestrandas. O trabalho foi apresentado na
Universidade de Caxias do Sul/RS, que sediou a edição deste ano do seminário ANPED
SUL. O evento acontece a cada dois anos e reúne pesquisadores e profissionais da
educação da região sul do Brasil.
Para a mestranda Rosinete Costa Fernandes Cardoso, um dos
impactos negativos da mudança nas escolas recaiu sobre o trabalho dos
professores. “As escolas não estavam preparadas para receber essa nova série.
Da mesma maneira, os professores também não”, argumenta Rosinete. “Estamos
percebendo que a qualidade da aprendizagem ainda está muito precária. Isso
precisa melhorar”, complementa a pesquisadora Mara Luciane da Silva Furghestti.
O trabalho, no entanto, também revela pontos positivos.
“Agora, todas as crianças de seis anos estão na escola, porque é lei”, observa
Rosinete. Ela defende ainda que, quanto mais cedo aluno começa a ser
alfabetizado, maiores são as suas chances de progresso.
A pesquisa é orientada pela professora doutora do PPGE Leonete Luzia Schmidt. Para ela, a lei também é importante no
sentido de fazer com que todas as crianças, sem distinção de classe social,
sejam alfabetizadas mais cedo. “Antes, o ingresso da criança de seis anos na
escola dependia das creches, onde o acesso muito vezes é restrito, de modo que
as crianças de classes sociais mais baixas ficavam de fora”, argumenta.
Leonete ressalta, ainda, que a
participação em eventos como o ANPED SUL é importante para as mestrandas. “Elas
saem de um espaço local, conhecem outros trabalhos e outros pesquisadores, e
isso contribui para a compreensão da realidade da educação brasileira”,
analisa. Mara e Rosinete concordam e afirmam que o debate e a troca de
experiências no seminário foram muito relevantes. “Percebemos que estamos no
caminho certo, que os nossos trabalhos vão ao encontro das pesquisas feitas em
todo o país”, pontua Rosinete.
O trabalho das mestrandas é
vinculado ao ‘Observatório da Educação’, projeto de pesquisas voltadas à
alfabetização e letramento, do PPGE. Outros 14 pesquisadores do PPGE viajaram à
Caxias do Sul para participar do seminário, que aconteceu de 29/7 a 1/8. Doze
deles apresentaram trabalhos.